segunda-feira, 15 de agosto de 2011

(Nov. 28th, 2008) More Than Just Brothers - Cap. V

Alguns meses se passaram. Eles estavam fazendo shows em pequenos pubs da vila, e eu era uma das poucas pessoas presentes. Mas eles tinham a mesma energia, não ligando para a quantidade de pessoas. A música sempre foi e sempre será a vida deles. E eu apenas acompanhava, como numa vitrine.

Isso ficou até um dia em que um senhor – um anjo, para nós! – decidiu investir na banda dos meus irmãos. Eles iriam pra Berlim gravar um videoclipe.

- Durch den Monsun? Essa música? – Eu perguntei.

- Qual é o problema, pirralha? – Bill estava arrumando suas malas. Ele sempre foi paranóico por organização; tudo tinha que estar no lugar certo.

- É uma música tão... lenta. – Eu dizia, cheirando suas roupas pretas espalhadas pela cama.

- Mas é bonita. E comercial. Nosso empresário disse que as músicas precisam ser comercias, e bonitas. Viu, ela é perfeita!

- Promete que vai se comportar direitinho em Berlim? – Fiz com que isso soasse bem adulto.

- Claro, mamãe! – Ele me beijou. Um selinho, mas ainda sim foi um beijo. Carregou suas coisas com dificuldade até o carro, que estava lá fora. Tom já estava pronto, e meu pai também.

- Tommy! – Eu o abracei. – Seja um bom menino lá, hein?

- Eu serei. E você, já sabe... nada de ficar paquerando por aí. – Ele sorriu. Queria ter dado-lhe um beijo, mas ele entrou no carro. Lógico, primeiro discutiram quem sentaria no banco da frente. Mas Tommy sempre ganha nessas discussões.

- Tchau papai! – Eu acenei e vi o carro ir se afastando. Eu achei que ia ser ruim não ter-los perto de mim, mas foi ainda pior. Eu mal conseguia dormir, ou pensar direito. Foram 5 cruéis e solitários dias.

Lembro-me que explodi de felicidade ao ver o carro do meu pai voltando para casa. Mal falei com Gustav! Parecia que eu tinha voltado para a infância, como se tivesse ganhado os melhores presentes no natal.

- E como foi lá? Me conte tudo, me conte! – Eu estava contente demais. Se pudesse, eu agarraria os dois ali mesmo, enchendo-os de beijos.

- Foi legal, Bill teve que ficar de cabeça pra baixo na água. – Tom disse, rindo. Bill não fez a melhor cara ao lembrar daquilo.

- Tocamos em alguns pubs e adivinhe só, Nick! Nós começaremos uma turnê, talvez. Estamos com mais fans agora!

- Então isso quer dizer... que vocês vão me deixar? – Eu disse, desolada. Eles trocaram olhares, como sempre faziam.

- Bom, digamos que isso seja um meio-abandono. Mas não se preocupe; não vamos sumir pra sempre. – Bill disse, sorrindo. Senti meu coração comprimir-se terrivelmente. Eles iriam me deixar, justo agora. Teriam milhares de fans histéricas jogando suas roupas íntimas no palco. Teriam entrevistas e mais entrevistas, um dia após o outro, apenas música. A realidade me ocorreu: eu nunca estive nos planos deles. Lágrimas escorreram, mas eu fiz questão de limpá-las antes que caíssem. Corri até meu quarto, afogando-me no travesseiro. Aquilo não poderia ser possível...

Depois de muito chorar, o cansaço finalmente me acalmou. Escutei alguém entrar em meu quarto, sentou-se na cama.

- Nós fizemos uma música pra você. – Bill disse, acariciando meu cabelo.

- Jura? – Eu levantei um pouco da cabeça, olhando-o.

- Sim. Não é lenta, porque a gente sabe que você não gosta de música lenta. É bem divertida. Bem a sua cara. – Ele sorriu. Como aquele sorriso poderia me abandonar, como?

- E como ela é?

- Ah não... combinei com Tom que nós só tocaríamos no seu aniversário. Nosso presente pra você. Já que o dinheiro ainda não chegou. – Nós rimos. Abracei meu irmão com tanta força, como se ele fosse evaporar pra sempre. Senti-lo era uma das coisas que eu mais queria naquele momento.

- Não fique chateada com a gente, Nick. Se você tivesse um grande sonho, não gostaria de correr atrás dele?

- Sim. – Eu sussurrei.

- Pois bem... e nós, como pessoas que te amam tanto, deixaríamos você ir. Você prefere me ver aqui, estudando naquela escola de hipócritas, vivendo cada dia da minha vida com desdém, sendo infeliz?

- Não. Quero ver você feliz.

- Então...

- Então eu deixo vocês irem. Mas só se prometer que vai me ligar toda semana. – Eu sorri. Abraçamos-nos novamente, mas como irmãos. Não queria estragar aquele momento tão fraternal. Mas parte de mim ainda queria eles do meu lado.